Emprestar meus filmes? Aqui, ó!


REFLEXÃO




Emprestar meus filmes? Aqui, ó!



"Por favor, não me peça um filme emprestado. Mais ainda, não me ofereça filme emprestado em troca de minha disposição para fazer o mesmo. Receberei o seu, mas não emprestarei os meus de jeito nenhum. Não insista!


Já tive o dissabor de, em nome de uma amizade, deixar alguém levar alguns itens da minha preciosa coleção para passar uns dias em uma prateleira distante de um mundo desconhecido e assustador. Não os vi mais. Perderam-se ou foram danificados irremediavelmente.


A coleção ficou com um buraco até hoje ou, quando pude, gastei uma grana preta para conseguir outros exemplares em sebos ou sites de leilão - essas entidades do mal que se aproveitam do desespero alheio para enfiar a lâmina longa e fria das cifras astronômicas nas costas desprotegidas.


Graças a esse trauma irreparável (que, infelizmente, não me motivou a combater o crime vestindo uma fantasia de morcego, mas me transformou num maníaco assassino de pidões de filmes), adquiri o poder avassalador da falta de vergonha para dizer "Emprestar meus filmes? Aqui, ó!".


Recentemente, li um artigo, dentre outras dicas para a proliferação de cinéfilos ecologicamente corretos e engajados na salvação do mundo, sugeriu algo que gelou minha coluna: "Se puder, depois de ver o filme, repassar para seus amigos. (...) Mas você pode repassar adiante pelo menos aqueles filmes que não vai ver nunca mais, ou armar um esquema para emprestar e ver emprestados os filmes que não tem certeza de querer comprar. Assim, todo mundo vê mais e consome menos recursos".


Sinto muito amigo, mas se depender de minha adesão a essa ideia  o planeta já está condenado. Sou colecionador de filmes e, como tal, assumo meu egoísmo e apego material por aquele aglomerado.


Mas vou expor meus motivos, para que não pensem que sou (apenas) um sujeito chato e sem noção:


1) Ninguém terá com os meus filmes o mesmo cuidado que tenho com eles. Longe dos meus olhares, ninguém vai se preocupar em obedecer às exigências básicas de não riscar; não danificar e, por todos os deuses dos filmes, não deixar a mídia embaixo de um papel em que alguém estiver escrevendo uma carta - é o cúmulo receber um filme de volta e ver, sob o reflexo da luz, as marcas de uma caligrafia tosca na qual se lê "eu te amo!"


2) E se alguém que estiver com um de meus filmes acabar partindo desta para melhor? Com que cara chegarei até um de seus parentes e direi: "Sei que o momento é difícil, mas aquele filme ali, proibido pelo estúdio e fora de catálogo, é meu e quero ele de volta?”
Nesse caso, o pior é se disserem que não tenho como provar a propriedade do objeto requerido. Afinal, o filme não vai me reconhecer, pular em cima de mim e abanar feliz da vida a página da seção de cartas.


3) Mesmo quando o filme é devolvido em perfeito estado, a espera por esse dia maravilhoso - em que eles saem do cativeiro no qual estiveram por um período comparado à eternidade - rende centenas de horas de preocupação que podem resultar em precoces fios de cabelos brancos na cabeça. Não vale a pena!


4) Um filme raro perdido está para sempre perdido. O ser monstruoso e desumano que perde um filme meu, ainda continuará sendo isso se comprar outro igual, principalmente se o filme perdido carregar recordações da minha infância ou de alguma passagem marcante da minha vida.


Ora, não será o mesmo filme pelo qual rachei a cabeça no vaso sanitário ao pular para salvá-lo da destruição certa na água em processo de descarga. Igualzinho, mas não a mesma. Não tem uma história por trás, dá para entender?


É claro que, um filme vigiado, eu proporciono a quem desejar ver meus filmes. Desde que não saiam de minha fortaleza, eles podem vistos por todos, democraticamente.


Mas cuidado aí com o jeito de colocar no aparelho...


E você, empresta seus filmes? 

9 comentários:

Anônimo disse...

Epa....o primeiro a postar não tem direito a um ultimo pedido ???? vc nao falou de seus livros.... kkkkk

NJA

Fábio Henrique Carmo disse...

Também tenho dificuldade em emprestar meus filmes. Aliás, todo colecionador tem. Já emprestei algumas vezes e fiquei de coração na mão. É um drama pelo qual é melhor não passar. Hoje em dia, para não fazer papel de chato, já tenho em casa um boa quantidade de DVDs virgens. Daí quando alguém pede algo emprestado eu digo: "eu faço uma cópia pra vc". Ninguém reclama e ainda passo de "cara-legal-que-copia-os-filmes-pros-amigos". Fica a dica! Abraço!

Marcelo Keiser disse...

Nunca emprestei, nunca vou emprestar e tenho raiva de quem pegou sem eu saber!

abraço

Ps: depois de umas 7 mudanças de endereço em 5 anos, e de uns 350 e alguma coisa que eu era para ter, não sei se chego a ter 300 ainda!


Hugo disse...

A vida ensina que somente devemos emprestar algo que não nos fará falta, pois quase sempre quem pede emprestado não devolve.

Isso vale para qualquer objeto e principalmente para dinheiro.

Na maioria das vezes é melhor perder o amigo do que algum objeto valioso ou dinheiro.

Abraço

Amanda Aouad disse...

Já emprestei alguns, mas com muita dor no coração e só para pessoas de muita confiança. É mesmo complicado deixar ele assim em mãos alheias e correr o risco de não ter de volta ou voltar com algum dano.

abraços

Anônimo disse...

Emprestar filmes? JAMAIS. Aliás, não empresto nada desse tipo, seja cd, dvd, livro ou qualquer coisa. Ninguém toda cuidado, e o resultado sempre é: ou perdeu ou quebrou.


Triste.

http://hopelesstha.blogspot.com.br/

Stella disse...

Tudo começou na adolescência, com os livros que me apaixonavam, eu emprestava e nunca mais via. Quando chegou a vez dos filmes, eu já estava calejada. Hoje em dia uso a tática do Fábio Henrique. Funciona. Agrado o amigo e fico tranquila.

Elton Telles disse...

hehehe! Eu já emprestei muitos filmes em solidariedade a amigos, mas é mesmo complicado, porque nesse ato de caridade rs, minha coleção já ficou pequena.

Em vez disso, o correto seria criar uma locadora particular, com direito a multa e tudo hehehe!

Abs!

Emerson Silva disse...

Pois é Renato, compartilho da mesma opinião e tenho mais um motivo para não querer emprestar nada, sejam filmes, livros ou cds, o trabalho que dará para reaver não vale a pena. Como citou, e se o cara morre? Mas e se o cara se muda de casa, ou sai do trabalho que é seu único contato, muda o telefone? Não quero ter que correr atrás de algo que não deveria nem ter saído de minha estante!