Como Nascem os Anjos



Como Nascem os Anjos - Hoje em dia temos dois tipos de públicos que falam sobre o cinema nacional: 

- O primeiro  diz que não assiste por dois motivos:

+ em parte por que culpam a pornochanchada e seus erotismos banais;
+ não suportam mais filmes que abordem o tema FAVELA.

- O segundo diz que assiste filmes brasileiros e adora; principalmente, a violência que a sétima arte retrata, são os cinéfilos apaixonador por "Tropa de Elite".

O cinema nacional é muito mais do que isso e o roteiro cativante, emocionante e sincero de "Como Nascem os Anjos nos demonstra e prova isso. 


O filme de Murilo Salles, sem querer, questiona boa parte desse público, citado anteriormente. Ao apresentar a favela com sua dura realidade, mas, com uma poesia única (se é que isso é possível), sem heróis ou vilões o longa leva o expectador a uma viagem, sem volta, dentro da cruel realidade brasileira, demonstrando também, como a inocência se perde em nosso mundo capitalista e selvagem. Um mundo criado pela Burguesia e para que o cidadão não deixe de consumir, mesmo que seja consumo de sentimentos falsos. 


O roteiro retrata uma linha tênue entre miséria e crime. Uma narrativa que apresenta como as crianças perdem princípios e valores. Um tapa na hipocrisia. Com desfecho angustiante.....para quem acredita no ser humano e nos anjos. Aqui a transição da infância para a vida adulta é pesada e sublime ao mesmo tempo. 


O segundo tipo de platéia, aqui mencionada, ele também desconstrói, ao narrar a violência da favela, entretanto, de uma forma sincera, sem drama de novelas como pano de fundo. Existe a brutalidade da violência? sim. Porém, de um outro ponto de vista. Um ângulo menos sensacionalista e mais verdadeiro.


De forma merecida o filme venceu os prêmios de Melhor Filme e Diretor no Festival de Gramado.As atuações de Larry Pine, Priscilla Assum, Silvio Guindane e André Mattos são comoventes e também merecem diversos elogios. 


Uma aula de Brasil, de Favela, de perda de inocência, de poesia cinematográfica, sem esquecer do correto nome para um filme.


Gostaria de mencionar que adoro o filme do Capitão Nascimento, apenas questiono, e muito o cidadão, que se limita a dizer que gosta de cinema nacional ao ir no cinema (e bater vários recordes de bilheteria) apenas com esse longa-metragem. Vários são os filmes nacionais que merecem ser descobertos pelo povo brasileiro. Outro belo filme nacional, pouco visto é "Cinema, Aspirinas e Urubus". 


De uma forma ou de outra vale a pena acreditar em Anjos e descobrir como eles nascem.

Dedico o texto a dois anjos que vieram participar, ativamente, da minha vida: Fernanda Alves Davi e Pedro Luis Rosendo.

Sinopse - Homem simplório mata acidentalmente líder do tráfico de drogas de favela carioca. Foge com as crianças Japa e Branquinha, e os três acabam tomando como reféns a família de um americano que mora em mansão, numa jornada de tensão psicológica para ambos os lados. 

5 pipocas  

1 - pipoca - péssimo

2 - pipocas - ruim 

3 - pipocas - razoável / regular

4 - pipocas - bom

5 - pipocas - ótimo


29 comentários:

Amanda Aouad disse...

Gosto de filme nacional, mas não exatamente pelo motivo da segunda opção, hehe. Concordo plenamente que é muito mais do que isso, sempre foi, a gente não precisa rotular, até porque existem vários cinemas e gêneros dentro do país.

Como Nascem os Anjos ainda não vi, fiquei curiosa depois do seu texto.

bjs

renatocinema disse...

Disse bem, se criam "rótulos".

Veja. Garanto que é imperdível.


Beijos

Milena Cherubim disse...

Parece interessante.... mas filme nacional pra mim, é como uma novela e quase não gosto deles =/

! Marcelo Cândido ! disse...

Nossa, esse filme vi faz muito tempo
Não me lembro se foi na Cultura ou na Band, lembro que em uma dessas emissoras tinham sessões de filmes às segundas!!!

Hugo disse...

Nos últimos quinze anos o cinema brasileiro deu a volta por cima e a cada ano surgem novos e bons trabalhos.

Este bom filme de Murilo Salles faz parte do primeiro lote destes novos trabalhos dos anos noventa e tem todas as qualidades que vc citou, muito pela atenção das duas crianças.

Abraço

Unknown disse...

Gostei da defesa do cinema nacional. Somos mais do que esse rótulos. Existe muita coisa boa antiga e nova. Esse filme ainda não vi, mas dica anotada.
Abração!

renatocinema disse...

Hugo concordo plenamente......o cinema deu a volta por cima.


Celo assino embaixo também somos muito mais do que rótulos fabricados.

Abraços

Sandra disse...

Concordo com você que bons filmes não se resumem a grandes filmes de bilheteria, seja ele nacional ou não. O seu comentário muito bem escrito me instigou a assistir o filme. Prometo que assim que me liberar da pós irei assisti-lo e terei mais propriedade sobre o texto aqui mencionado. Ah, amei ler que meu filhote é um anjo na sua vida. Com certeza isso me faz ter a certeza que escolhi a pessoa certa para ter um papel importante na vida de meu pequeno anjo.

Paulo Telles disse...

Caro Renato, eu aprecio sua defesa sobre o cinema nacional, e confesso que são muito poucos que vim realmente a apreciar, mas também admito sou da turma que também não gosta de temas sobre favelas, polícia e violências em comunidades, tópicos estes muito em voga no nosso meio.

lembro que quando trabalhava na Procuradoria Geral do Estado (aqui do RJ), meus colegas tentaram me incentivar a assistir CIDADE DE DEUS.

Vi os trailers da época e definitivamente me recusei a assistir por se tratar de uma realidade que já vivo, assisto os noticiários, e nem fazia tanto tempo, tinha ocorrido aquele incidente do Onibus 174 (que tb fizeram um filme sobre o caso).

Falar sobre o cinema em geral e principalmente o público de cinema é muito complexo, mas ao meu ver, cinema tem que ser sonho e arte reunidas, com mensagens positivistas e de ânimo e esperança, em contraste com o mundo em que vivemos, sem é claro partir para as alienações, e é deste público que venho a fazer parte.

Parabéns pela matéria, abraços!

Paulo Néry

renatocinema disse...

Paulo, bom dia.

Assino embaixo sua visão de que e arte precisa passar mensagens positivas e de esperança. Porém, não acho que pode ser só isso.

A arte precisa ter os dois conceitos. O amor e o ódio


Obrigado pelo prestígio.

ANTONIO NAHUD disse...

Valeu a dica, Renato. Vou procurar assisti-lo. Gosto do cinema nacional.

O Falcão Maltês

Alan Raspante disse...

Hmn... Dica anotada, eu não conhecia, mas achei super interessante!

Renata disse...

Parabéns Renato!! Fico empolgada com suas palavras e até começo a olhar diferente para o Cinema Nacional...estou tentando...rsrs Trabalhando com crianças que vivem uma realidade difícil como esta, me faz pensar muito e perceber que mesmo mínimo, meu trabalho faz a diferença em suas vidas.
Uma crítica bem fundamentada e emocionada de um APAIXONADO pelo CINEMA!! Adorei...mas, você terminou BRILHANTEMENTE sua crítica com estes Anjos a quem dedicou seu texto...e como madrinha coruja...tb falo e dedico minhas palavras: Fernanda Alves Davi você é um Anjo na minha vida!!
Amoooo vocês!!! Beijossss

Gilberto Carlos disse...

Adoro Como nascem os anjos. Um dos melhores filmes da Retomada do Cinema brasileiro.

Emmanuela disse...

Ando em uma boa fase de cinema nacional, semana passada vi "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Maravilhoso!!

Quanto ao filme que postei hoje, vale a pena viu?? Você não vai se arrepender.

Naírla Silva disse...

Adoro filme nacional..
fiquei com vontade de ver.

bjs

http://coposcheiosdevodkaerocknroll.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Olá , Adoro o cinema nacional e não é pela violência e muito menos pelas favelas, mas nos últimos a sete arte brasileira vem mostrando qualidade não só na história, mas também na fotografia e na direção. Esse filme em especifico ainda não vi, mas depois dessa linda critica fiquei com vontade de vê-lo.
Sônia Alves

Fábio Henrique Carmo disse...

Essa mania de brasileiro de desmerecer o cinema nacional tem muito a ver com o velho complexo de vira-latas falado por Nelson Rodrigues. Nada do Brasil presta, o que presta é o dos outros. O cinema americano tem tanta porcaria como aqui no Brasil, mas as pessoas se esquecem disso. O cinema brasileiro vem passando por um bom momento e "Como Nascem os Anjos" é dos bons exemplos de nossa filmografia recente. Abraço!

renatocinema disse...

Fábio disse tudo: complexo de vira-latas. Uma pena que esse complexo, em alguns pontos, ainda não foi fechado.


Abraço

Tsu disse...

Oi Renato!
Bom eu admito que nunca fui chegada á filme nacional, gostei de bem poucos..mas gostei da forma como vc se posicionou acerca de quem diz que gosta de cinema nacional mas nada conhece.
Quem é vivo sempre aparece!
E sim...eu farei um post do Curinga...continue cobrando kkkk.

Cristiano Contreiras disse...

Renato, que bom você ter postado este filme - infelizmente, poucos conhecem, acredite. Eu vi, ainda quando era criança, numa noite na Band. Achei tão forte e contundente que impressionou, a maneira como o filme lida com uma problemática tão atual e a forma como as crianças ali, na tensão dentro da casa, nos torna parte daquele "circo" feito. Fora que o final é realmente um soco no estomago. Eu preciso rever, curioso como o filme todo ainda está em minha mente...e adorei ler seu post! abraço

Unknown disse...

Não curto muito cinema nacional exatamente pelos dois motivos que vc descreveu, mas depois da sua resenha, vc me deixou curioso para ver este filme. abraços!

http://monteolimpoblog.blogspot.com.br/

Rubi disse...

Eu particlarmente gosto bastante do cinema nacional (exceto quando produzem filmes com aquelas características que você citou). Filmes como: Eles não usam black tie, Central do Brasil, O Auto da Compadecida, Tapete Vermelho e o clássico Pagador de Promessas estão entre os meus preferidos, no entanto ainda não conhecia este. Vou procurar o quanto antes, pois sua resenha me deixou extremamente interessada!

Tsu disse...

Renato...
Isso me fez lembrar a música...” não se vá, já não posso mais suportar” (ou algo assim) kkkkk.
bjs

Júlio Pereira disse...

Renato, não faço parte de nenhum dos tipos de público citados. Gosto de cinema bom. A violência ou tema de favela é mera consequência. Dito isso, resumir a cinematografia nacional a isto, como você disse, é absurdo, visto que é extremamente rica (oras, este ano lançamos duas obras brilhantes, absolutamente distintas: Raul - O Início, o Fim e o Meio e Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios). Quanto ao filme abordado no texto, me interessei muito pela abordagem lírica e crítica que você diz ser presente na narrativa. E nunca tinha ouvido falar, acredita? Vou procurar descobrir!

Tsu disse...

Oi Renato.
KKKK nossa o resto da música eu não lembro mais...por falar em música brega você já ouviu o hit Kombi Branca? *.* Aquilo é fantástico! Ahshashashahshss.

Unknown disse...

Sem dúvida um dos melhores filmes nacionais. Um clássico! Daqueles que vale à pena assistir, mesmo quem detesta filme nacional, de favela ou coisa parecida.
ótimo blog. Tá adicionado no meu. Se puder retribuir eu agradeço.
Abraço
www.366filmesdeaz.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Não vi o filme, pois não consigo a acompanhar seu ritmo, mais depois dessa crítica estou louca para vê, mas uma coisa eu concordo filme nacional não é só capitão Nascimento, e isso não que disse como vc mesmo diz que eu não goste de tropa de elite, eu adorei, mais temos que dar chance a outras obras de artes brasileira.

Sônia Alves

Anônimo disse...

Gosto de cinema não importa se é nacional, argentino (ótimo), chileno,italiano, japonês, chinês, alemão, dinamarquês, inglês, americano (deixei por último de propósito, etc. São estórias, formas de dirigir, fotografar, não dá para rotular!!.
Filmes nacionais existem ótimos, adorei Como Nascem os anjos que acabei de assistir hoje 10/01/2013.
Adorei Pagador de Promessas, O ano que meus pais sairam de férias, Eles não usam black-tie, Auto da Compadecida, Divã, Cidade de Deus, Houve uma vez dois verões, Bicho de sete cabeças, Saneamento básico, O homem que copiava,Tropa
de Elite. Minha "preferência" é por estórias interessantes e bem contadas