Reflexões de um Liquidificador


Reflexões de um Liquidificador – A arte de uma forma geral tem como uma de suas obrigações fazer o público refletir ou sentir algo novo ou inquietante. A sétima arte, ou seja, o cinema consegue fazer isso com bastante frequência e competência. Mas, na minha visão, com pouca ousadia em termos racionais e lógicos. Adoro uma insanidade, talvez, por isso meu grande ídolo nos quadrinhos seja o personagem Coringa e sua demência.


Os meus primeiros louvores para a produção “Reflexões de um Liquidificador” são pela escolha do nome: original, forte, impactante e realista com o enredo do filme. Uma seleção nota 10.


O longa-metragem, com argumento e roteiro de José Antônio de Souza, teve coragem de arriscar em sua história e narrativa, e merece os parabéns por isso. Ao criar personalidade para o liquidificador e não trata-lo apenas como um objeto que fala, a trama fica ainda mais saborosa e divertida. Afinal, o objeto que fala não é apenas uma parte robótica do filme, ele funciona como um figura dramática quase real e faz questionamentos reflexivos que interessam a todos nós seres humanos. Um personagem com sentimentos. Uma insanidade surreal, mágica e encantadora.


A fotografia é cativante, aflitiva e um pouco ousada, assim como o roteiro do longa-metragem, e essa combinação funciona deliciosamente. Os pequenos detalhes, retratados com perfeição, trazem ao público a angustiante e divertida sensação de que essa não será uma comédia convencional.


Dirigida por Andre Klotzel(“A Marvada Carne”) essa é uma comédia de humor negro com pitadas dramáticas e certo suspense. Tudo isso batido num liquidificador de criatividade, capacidade e alienação. Lembrei em alguns momentos de “Fale com Ela”, de Pedro Almodóvar. Na produção do diretor espanhol o enfermeiro fica minúsculo para entrar categoricamente de corpo e alma na vagina de sua paciente. O que será mais insano: Falar com um eletrodoméstico ou adentrar pelo corpo humano?


Sei que irá parecer os elogios óbvios de sempre, entretanto, é impossível não elogiar as atuações de Aramis Trindade (investigador Fuinha, de “O Auto da Compadecida”) e Ana Lúcia Torre (de “Como Fazer um Filme de Amor”). O trabalho de ambos é especial e conquistador.


“Reflexões de um Liquidificador” é uma poesia de imagens e de palavras. Uma obra de arte cinematográfica.
Filme obrigatório para quem gostou, como eu, de obras como “O Cheiro do Ralo”, “O Homem Que Virou Suco” e “Tarantino’s Minds”.


Abaixo reflexões que o liquidificador nos deixa como mensagem final:

“Não ser gente, é uma forma de ser feliz” e “Moer é Pensar, Pensar é Moer”.


Vale a pena refletirmos sobre isso, nem que seja bem longe de um liquidificador.


Dedicado a minha sumida amiga Kivia Nascentes do site http://umbigosemfuro.blogspot.com/; outro local com arte que merece ser descoberto.


Sinopse – Elvira (Ana Lúcia Torre, de “Quanto Vale Ou É Por Quilo”) é uma dona-de-casa solitária, cujo liquidificador (Narração de Selton Mello, de “O Cheiro do Ralo”), estranhamente, começa a conversar com ela. Ao longo do tempo, ele se torna seu melhor amigo e cúmplice.


Filme: 4,5 pipocas


1 pipoca – péssimo
2 pipocas – ruim
3 pipocas – razóavel/regular
4 pipocas – bom
5 pipocas – imperdível

12 comentários:

Guará Matos disse...

Aliás você é o grande Coringa desse tema. Sempre tira uma carta da manga e nos surpreende.

Abraços.

Renato Oliveira disse...

Eu me lembro quando estava em cartaz no Espaço Unibanco. Acabei não vendo. Muitíssimo interessante a tua resenha, parece ter sido uma ótima idéia criar um objeto-falado - dar voz e personalidade. e humor negro que é uma categoria que me atrai. ;D

Bom final de semana prá ti! Abraços

Cristiano disse...

Não conferi esse, mas teu texto nos deixa curioso, como sempre!

abraço, amigo!

! Marcelo Cândido ! disse...

Difícil hoje em dia amizades com pessoas, que sejam os eletrodomésticos então!!

Amanda Aouad disse...

Pois é, só o título já gera uma curiosidade incrível: Reflexões de um Liquidificador. E Liquidificador reflete? hehehe. Achei uma história genial, vou escrever sobre ele também essa semana.

bjs

júpiter disse...

Esse filme deve ser MUITO bom, vi o trailer no dia que assisti o pequeno nicolau. Mas pra variar, o filme saiu do cinema e nem vi. Esse tipo de filme passa aqui no Belas Artes, e os filmes ficam em pouco tempo em cartaz, além de custarem a entrar. Estou querendo ver o filme "Amor?" do João Jardim, diretor que eu simplismente amo, mas acho que vai sair e vou perder T_T, estava no Belas Artes e agora foi pra outro cinema. Ai tenho que procurar. e o foda é achar esses filmes na locadora, porque aqui perto de casa apesar de ser ótima nem sempre tem alguns filmes brasileiros, os bons especialmente.

Agora estou louca para assistir é "deixe ela entrar".

beijos!

Ronaldo disse...

sobre o post e comentário em meu blog:

Fico feliz que tenha gostado da musica Renato, é muito interessante quando somos apresentados a musicas, filmes, livros,revistas, etc dessa forma, elas nos dão aquela sensação de amor a primeira vista....

Amanda Lemos disse...

Muito interessante o blog !
Deixo o meu aqui caso queira dar uma olhada, seguir...;

www.bolgdoano.blogspot.com

Muito Obrigada, desde já !

Rosane Marega disse...

Legal Renato, gostei!
BeijosSSSSS

Marcos e Rita disse...

Olá amigo... adorei seu blog, é simples, inteligente e vai direto ao ponto... concordo em gênero, número e grau com seus comentários a respeito de AVASSALADORAS (apesar de algumas amigas terem achado o máximo o Gianechini) kkk ... agora estou indo assistir UMA JANELA PARA O CÉU e logo lhe direi como foi relembrar este filme maravilhoso... Abraços

Jacques disse...

Mais um filme para ser assistido com atenção e bom humor.
Valeu.

Guilherme Z. disse...

Está aí um filme que tenho curiosidade em ver. Adoro a atriz Ana Lúcia Torre. Ela é super versátil. Se ela se sai tão bem quanto nas novelas, maravilha.